Se você está preocupado com aquela entrevista de emprego de amanhã, é melhor correr para a internet e ficar atento a tudo que pode “depor” contra a sua imagem. Saia rápido daquela comunidade esquecida do Orkut “Eu odeio meu chefe” e faça uma seleção cuidadosa das fotos no Facebook.
Os empregadores no Brasil são campeões mundiais em “espiar” o perfil dos candidatos nas redes. É o que mostra uma pesquisa feita pela empresa de recrutamento Robert Half, em 2010, que avaliou 2.819 executivos, em 13 países. Ao todo, 21% dos executivos brasileiros utilizam o Facebook, o Orkut, o LinkedIn e outros sites de relacionamento para “checar” candidatos. A Espanha ocupa o segundo lugar com 18% e a Itália e a Holanda estão na terceira posição, com 13% cada. Os Estados Unidos não participaram do levantamento.
Outro estudo da empresa norte-americana Jobvite revelou, também no ano passado, que entre 825 profissionais de recursos humanos, 92% pretendiam utilizar as redes sociais para contratação. O site preferido por eles é o LinkedIn – voltado para o mercado de trabalho -, com 78% de uso. Segundo a pesquisa, 55% dos entrevistadores usam o Facebook e 45%, o Twitter. É preciso ter atenção na hora de postar fotos, vídeos e, principalmente, expressar opiniões na web que possam ser comprometedoras com a conduta de um profissional.
No caso da publicitária Carolina Miyuki, 25, a linguagem foi o diferencial para conseguir um emprego. Interessada em trabalhar com redes sociais, ela era finalista no processo da Mind Maketing Inteligência Digital, em Belo Horizonte. “Eles ficaram em dúvida entre mim e outro candidato, e foram olhar as redes sociais. No perfil da outra pessoa tinham muitos erros de português e o meu era certinho”, diz.
O chefe da publicitária, Nickolas Xavier Rodrigues, gerente de mídias sociais, garante que também avalia a postura das pessoas. “Se for alguém que reclama (nas redes) da empresa antiga ou da atual, perde pontos, pois não querermos quem possa prejudicar a nossa imagem”, explica.
Ação – O jornalista Renard Campolina, 23, morador do bairro Santa Teresa, quis a atenção de empresas de comunicação voltada para seu perfil. O jovem criou uma conta no Twitter para explicar o que eram as TTs – assuntos mais falados, mais tuitados – e um diretor da agência Jchebly o convidou para uma entrevista. “Consegui cem seguidores por dia com o perfil. O diretor da empresa entrou em contato e me contratou”, conta o jovem, que começou como analista de redes sociais há mais de quatro meses.
Atuando hoje como jornalista, Renard diz que seu chefe da época se interessou pela ideia inovadora. “Eu tinha um projeto com uma base comercial, e as outras pessoas entrevistadas tinham perfis apenas como usuários”, explica.
Por outro lado, a vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Elaine Saad, acredita que as redes profissionais, como o LinkedIn, são mais utilizadas por empresas para a contratação. Porém, nada dispensa o currículo. Ela considera que essa avaliação dos sites de relacionamento depende do estilo aberto ou conservador de cada empresa. “Eles não vão às redes para tirar conclusões de personalidade ou de moral sobre alguém”, opina. De qualquer forma, a recomendação da especialista é mostrar sempre a realidade, no meio real e virtual. “Se a pessoa esconder a personalidade dela e for contratada, não ficará na empresa. É como mentir em entrevista. Tem que preservar sua autenticidade”, diz.